Setor de bares e restaurantes no Ceará amarga prejuízos: 55% das empresas operam sem lucro há mais de um ano

Enquanto os consumidores saboreiam pratos e brindam nas mesas dos bares e restaurantes cearenses, nos bastidores desses estabelecimentos o clima é bem menos festivo. De acordo com dados divulgados pela Associação Brasileira de Bares e Restaurantes do Ceará (Abrasel-CE), 55% das empresas do setor não registram lucro há pelo menos um ano. Em bom português: mais da metade está vivendo de esperança — ou da paciência do banco.

Embora o número represente uma leve melhora em relação ao pico de 70% de operações no vermelho registrado anteriormente, o cenário atual ainda é de alerta. E não é um alerta daqueles que tocam de leve — é sirene ligada no talo. A combinação de inflação persistente, juros elevados e custos operacionais crescentes tem feito do dia a dia dos empresários da gastronomia uma verdadeira maratona de sobrevivência.

Taiene Righetto, presidente da Abrasel-CE, não esconde a preocupação. Segundo ele, muitos empreendedores do ramo estão operando no famigerado “zero a zero”, enquanto outros já sentem o gosto amargo do prejuízo mês após mês. “A maioria dos negócios do setor de alimentação fora do lar no Estado tem operado no limite. Isso gera preocupação, principalmente pelo aumento do número de falências e fechamento de empresas”, afirmou durante reunião com os associados da entidade.

A situação, apesar de crítica, não chega a ser surpresa. O setor foi duramente atingido durante a pandemia e, mesmo com a reabertura e a retomada gradual do consumo, enfrenta agora um novo vilão: o custo de se manter de portas abertas. Aluguel, energia, folha de pagamento e insumos — tudo mais caro. A conta, infelizmente, não fecha nem com a casa cheia.

Em muitos casos, os empresários têm apostado em estratégias para sobreviver: cardápios mais enxutos, renegociação com fornecedores, cortes de pessoal e até mudanças de ponto comercial. Mas a verdade inconveniente permanece: manter um restaurante funcionando hoje é, muitas vezes, um ato de fé.

A Abrasel-CE segue acompanhando o cenário e reforça a necessidade de medidas de apoio ao setor. Entre elas, destacam-se a redução de impostos, acesso facilitado a crédito com juros menores e programas de qualificação para a gestão dos negócios. Porém, enquanto as soluções não chegam, a realidade é uma só: o empreendedor da gastronomia cearense segue equilibrando a frigideira com uma mão e a calculadora com a outra.

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