Iniciativa do Unicef e Undime busca enfrentar evasão e exclusão escolar com atuação intersetorial
No Ceará, quase 25 mil crianças e adolescentes retornaram às salas de aula entre 2017 e 2025, graças ao projeto Busca Ativa Escolar (BAE). A iniciativa, desenvolvida pelo Unicef e pela Undime, visa combater a evasão e a exclusão escolar com o apoio de diferentes secretarias e profissionais das áreas de educação, saúde e assistência social.
Apesar do avanço, o Estado ainda contabiliza 37.213 jovens fora da escola, de acordo com dados da Pnad Contínua de 2024. O número evidencia que o desafio da educação vai além da matrícula: passa por infraestrutura, transporte, segurança, desigualdade social e fatores culturais.
Por que crianças estão fora da escola?
O principal motivo para a evasão é o desinteresse pelos estudos, seguido por mudanças frequentes de domicílio e desmotivação com a escola em si. Outros fatores como trabalho infantil, doenças, gravidez precoce, violência, racismo e falta de transporte escolar também afastam estudantes das salas de aula.
A exclusão escolar atinge, majoritariamente, meninos, pretos, pardos e indígenas. Dados indicam que 74% dos estudantes fora da escola pertencem a esses grupos raciais. Já na análise por renda, 54% das crianças estão entre os 20% mais pobres do Estado.
Como funciona a Busca Ativa Escolar?
A estratégia da BAE integra profissionais de diferentes áreas e utiliza uma plataforma digital para registrar, mapear e acompanhar casos. A ideia é agir desde a identificação até a rematrícula e permanência do aluno na escola.
Segundo avaliação recente, mais de 70% dos gestores públicos reconhecem que a estratégia ajuda a identificar situações de vulnerabilidade e a tornar o combate à exclusão escolar mais ágil e assertivo.
O papel dos governos
A Secretaria da Educação do Ceará (Seduc) afirma ter reduzido o abandono escolar de 11% em 2012 para 1,7% em 2023. Já Fortaleza apresenta uma taxa de abandono de apenas 0,2%, segundo o Censo Escolar 2024.
Ambas as gestões implementam estratégias de monitoramento da frequência, visitas domiciliares, comunicação com as famílias e acompanhamento por conselhos tutelares.
Ainda há muito a fazer
Embora a Busca Ativa tenha trazido avanços, o número elevado de crianças fora da escola exige ações contínuas e intersetoriais. Como destacou o Unicef, a exclusão escolar não é só um problema educacional, mas também social, racial, de gênero e territorial.