O transporte da esperança: a epopeia dos ônibus escolares de Buritilândia

Confira na integra a reflexão feita pelo advogado Leopoldo Martins Filho.

Em Buritilândia, onde as estradas rurais tem mais buraco que promessa de campanha, o transporte escolar virou uma aventura e filme de terror. Os estudantes da zona rural vivem diariamente o drama de subir em ônibus que mais parecem relíquias de museu — com assentos rasgados, janelas quebradas e pneus que já rezam pedindo aposentadoria.

Há quem diga que os veículos só continuam rodando por pura teimosia mecânica ou milagre divino. Outros acreditam que os ônibus foram projetados para testar a fé dos alunos: quem chega inteiro, merece o diploma só pela coragem.

O caso ganhou as redes e foi amplamente divulgado por alguns meios de comunicação AINDA INDEPENDENTES da cidade, que mostraram, com vídeos e relatos, a verdadeira saga dos estudantes de Buritilândia. A repercussão fez barulho, mas, como sempre, o som parece não ter chegado aos ouvidos da gestão municipal.

Enquanto isso, a Prefeitura de Buritilândia segue firme — na arte de justificar. Quando chove, a culpa é da chuva. Quando faz sol, é o calor que desgasta os pneus. Quando o motor explode, dizem que “está em processo de licitação”. É um ciclo virtuoso da desculpa pública: sempre há uma explicação, nunca uma solução.

Pais e moradores, cansados de ver os filhos enfrentando o “Transporte da Agonia”, pedem providências à Secretaria de Educação, mas recebem respostas dignas de stand-up: “estamos aguardando novos ônibus”.

O mais curioso é que na cidade os ônibus escolares brilham como propaganda de gestão — limpos e confortáveis. Já os da zona rural parecem saídos de um filme do Mad Max. A desigualdade chega até no amortecedor.

Mas os alunos não desistem. Sobem no ônibus que range, sacode e reza junto com eles até o destino. Alguns dizem que o trajeto é educativo: aprendem física (força e atrito), química (cheiro de gasolina) e filosofia (o sentido da paciência).

Buritilândia segue, com sua juventude heroica e seu transporte épico. Um dia, quem sabe, os gestores percebam que o futuro do município não pode viajar em veículos do passado. Até lá, seguimos torcendo para que, pelo menos, o Santo Padroeiro do motorista continue de plantão.

Compartilhe
Facebook
Twitter
LinkedIn
Pinterest

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Visão geral da privacidade

Este site utiliza cookies para que possamos lhe proporcionar a melhor experiência de usuário possível. As informações dos cookies são armazenadas em seu navegador e executam funções como reconhecê-lo quando você retorna ao nosso site e ajudar nossa equipe a entender quais seções do site você considera mais interessantes e úteis.