A primeira mulher a ingressar na carreira de defensor público no Brasil, Maria Nice Leite de Miranda, faleceu na manhã deste domingo (27), aos 95 anos, no Rio de Janeiro. Ela estava internada no hospital Copa Star, em Copacabana, desde o dia 12 de abril. A causa da morte não foi divulgada.
Nascida em Cantagalo, na região serrana do Rio, Maria Nice tomou posse como promotora em 1958, mas optou por integrar o recém-criado quadro de defensores públicos do Estado do Rio de Janeiro, numa época em que a carreira ainda se subordinava à Procuradoria-Geral de Justiça. Entre nomeações predominantemente masculinas, Maria Nice foi a pioneira feminina, abrindo caminho para gerações de mulheres na Defensoria.
Em 1974, ela se tornou a primeira mulher corregedora da Assistência Judiciária no antigo Estado do Rio de Janeiro, cargo que exerceu até 1975, quando houve a fusão dos estados da Guanabara e do Rio.
Durante sua carreira, Maria Nice foi reconhecida pela dedicação às causas sociais e à defesa dos mais vulneráveis. Em 2007, foi homenageada com o Colar do Mérito Judiciário pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, em reconhecimento à sua trajetória e contribuição para o fortalecimento do acesso à Justiça.
Em nota, o defensor público-geral do Rio de Janeiro, Paulo Vinícius Cozzolino Abrahão, destacou:
“Sua trajetória pioneira e seu compromisso com a justiça deixarão um legado que seguirá inspirando gerações.”
O velório ocorre no Fórum de Cantagalo, e o sepultamento está marcado para as 17h deste domingo em um cemitério local. A Prefeitura da cidade também lamentou oficialmente o falecimento, prestando solidariedade aos familiares e amigos.
Maria Nice Miranda deixa uma história de luta, pioneirismo e compromisso com a democratização do acesso à Justiça no Brasil — um legado que se manterá vivo na memória institucional e no coração daqueles que continuam sua missão.