Neste mês de abril, o Brasil relembra os 80 anos da Tomada de Montese, a mais sangrenta e simbólica vitória brasileira durante a Segunda Guerra Mundial. O episódio, ocorrido em 14 de abril de 1945, marcou a participação decisiva da Força Expedicionária Brasileira (FEB) nos campos de batalha da Itália, e deu nome a um dos bairros mais tradicionais de Fortaleza: o Montese.
A batalha, travada em território italiano contra tropas nazifascistas, foi um dos momentos mais intensos do conflito na frente italiana. Com combates corpo a corpo e inúmeras baixas, a conquista da cidade de Montese pelos soldados brasileiros representou não apenas um triunfo militar, mas um marco de coragem e sacrifício. Foram 424 pracinhas mortos em toda a campanha da FEB — muitos deles tombaram exatamente ali, nas encostas montanhosas que hoje nomeiam ruas, escolas e memórias cearenses.
O bairro Montese, criado oficialmente anos após o fim da guerra, foi batizado como forma de homenagear os combatentes e manter viva a lembrança do feito heróico. Muitos veteranos da FEB passaram a viver no bairro, e até hoje o local preserva traços dessa ligação com o passado, como o Monumento ao Expedicionário e instituições que levam o nome de soldados da época.
Além de lembrar os horrores da guerra, a data também serve para celebrar o valor histórico da participação brasileira no conflito global. O Brasil foi o único país da América do Sul a enviar tropas de combate à Europa, com cerca de 25 mil homens integrando a FEB. Eles enfrentaram o frio, o desconhecido e a brutalidade do front europeu, lutando por uma liberdade que, ironicamente, muitos ainda não conheciam em sua própria terra.
Em Fortaleza, diversas homenagens estão previstas para marcar os 80 anos da Tomada de Montese, incluindo atos cívicos, palestras em escolas e eventos organizados por entidades militares e culturais. A ideia é reforçar o sentido de pertencimento histórico e valorizar o sacrifício daqueles que cruzaram o oceano em nome de uma causa maior.
O legado de Montese segue vivo não só no nome do bairro, mas no exemplo de resistência, bravura e identidade nacional que ele representa. Uma história escrita a sangue, suor e coragem — e que o Brasil não pode esquecer.