Iniciativa Busca Ativa Escolar já rematriculou quase 25 mil alunos no estado
Dados recentes da Plataforma Busca Ativa Escolar, divulgados pelo Unicef e Undime, revelam que 37.212 crianças e adolescentes de 4 a 17 anos ainda estão fora da escola no Ceará. Apesar dos avanços, o estado apresenta o quarto maior número de exclusão escolar no Nordeste, ficando atrás apenas da Bahia, Maranhão e Pernambuco.
A estratégia da Busca Ativa Escolar (BAE) já conseguiu levar de volta à sala de aula 24.938 crianças e adolescentes no Ceará entre 2017 e 2025. A ferramenta é utilizada por estados e municípios para identificar, registrar e acompanhar estudantes em risco de evasão, com o objetivo de garantir o direito à educação.
Perfil dos excluídos reflete desigualdades sociais
Segundo o levantamento, a maioria dos que estão fora da escola são meninos (64%), enquanto 36% são meninas. As maiores taxas de evasão estão entre adolescentes de 15 a 17 anos, grupo que concentra 18.963 dos casos no estado.
A análise também revela desigualdade social e racial: 74% das crianças e adolescentes fora da escola no Ceará são pretos, pardos ou indígenas, e 20.218 pertencem às famílias mais pobres. Geograficamente, a maioria vive em áreas urbanas (28.230), enquanto 8.982 estão na zona rural.
Principais causas da evasão escolar
Entre os principais fatores que levam à evasão no Ceará estão:
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Desinteresse pelos estudos: 8.942 casos
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Mudança de domicílio: 8.666 casos
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Relatos de evasão no Educacenso/INEP: 4.819
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Desinteresse pela escola em si: 3.748 casos
Na capital Fortaleza, entre os 1.226 casos identificados, 235 estudantes foram rematriculados. Os principais motivos apontados foram mudança de domicílio, desinteresse, violência nos territórios e trabalho infantil.
A importância da ação intersetorial
Para a chefe de Educação do Unicef no Brasil, Mônica Dias Pinto, a exclusão escolar é multifatorial e exige resposta integrada. “Com a Busca Ativa Escolar, conseguimos identificar quem são os estudantes, por que estão fora da escola e agir com apoio das áreas de saúde, educação e assistência social”, destacou.
A plataforma é utilizada atualmente por mais de 2 mil municípios e 21 estados, fortalecendo políticas públicas voltadas à garantia de direitos das crianças e adolescentes.