Do Cariri ao Vaticano: Ceará já recebeu João Paulo II e tem laços com o Papa Francisco

O Ceará carrega em sua história uma relação marcante com o Vaticano. Em 1980, recebeu a visita histórica do Papa João Paulo II, e desde então, mantém conexões que atravessam gerações. Hoje, mesmo sem ter pisado em solo cearense, o Papa Francisco também possui laços simbólicos com a fé e o povo do estado, especialmente por meio da devoção popular e dos diálogos constantes entre o catolicismo latino-americano e as causas sociais tão presentes na realidade nordestina.

A visita de João Paulo II aconteceu em 9 de julho de 1980, quando o pontífice desembarcou em Fortaleza durante sua primeira viagem ao Brasil. Na ocasião, celebrou uma missa campal no Castelão, que reuniu mais de 120 mil fiéis — um marco inesquecível para a Igreja Católica no estado. O carisma do papa polonês e sua mensagem de paz, justiça e esperança deixaram raízes profundas na memória coletiva dos cearenses.

Mais de quatro décadas depois, é o Papa Francisco quem desperta o afeto do povo nordestino. Ainda que nunca tenha visitado o Ceará fisicamente, sua postura firme em defesa dos pobres, dos migrantes e da justiça social encontra eco direto com a religiosidade popular cearense, onde fé e resistência caminham juntas. Não à toa, líderes religiosos locais o mencionam com frequência em missas, romarias e encontros pastorais.

Francisco também mantém diálogos frequentes com religiosos e movimentos ligados ao Ceará, sobretudo nas causas ambientais e indígenas. A Encíclica Laudato Si’, por exemplo, inspirou projetos de proteção ecológica em áreas do semiárido. Já sua mensagem de acolhida aos povos originários foi amplamente reverberada em comunidades cearenses ligadas à Igreja.

Além disso, o pontífice argentino compartilha o apreço por figuras como Padre Cícero Romão Batista, o “santo popular do povo nordestino”, cuja reabilitação pelo Vaticano foi formalizada em 2015, com aval direto do então Papa Francisco — um gesto considerado histórico e profundamente simbólico para os fiéis do Cariri.

Assim, mesmo sem repetir o gesto de João Paulo II de pousar em solo cearense, Francisco constrói — com gestos, falas e decisões — pontes invisíveis entre Roma e o sertão. No Ceará, onde a fé é vivida com intensidade e devoção, o Papa segue presente, mesmo à distância.

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