Animal debilitado foi levado ao Rio Grande do Norte por falta de centro de reabilitação no Ceará
Uma tartaruga marinha da espécie cabeçuda, classificada como ameaçada de extinção, foi resgatada na praia do Barro Preto, em Aquiraz, na última quinta-feira (11). O animal apresentava sinais de subnutrição, casco coberto por cracas e algas e olhos avermelhados. O resgate foi realizado pela Apremace (Associação de Pesquisa e Preservação de Ecossistemas Aquáticos), que coordena o monitoramento de tartarugas na região por meio do Projeto Amigos do Mar.
Segundo a Apremace, o animal foi encontrado por moradores e recebeu os primeiros cuidados na sede da associação, onde foi mantido hidratado com toalhas úmidas enquanto aguardava o transporte. A tartaruga precisou ser levada ao Projeto Cetáceos da Costa Branca (PCCB/UERN), no Rio Grande do Norte, já que o Ceará não possui um centro de reabilitação em funcionamento.
Centro de reabilitação segue fechado desde 2022
De acordo com Carlos Antônio Mariano, vice-presidente da Apremace, esse é o terceiro resgate de uma tartaruga-cabeçuda em Aquiraz só este ano. No entanto, em todos os casos, a equipe teve que realizar deslocamentos interestaduais para garantir atendimento especializado. “É a 15ª vez que apelamos ao Governo do Estado para reabrir o centro de reabilitação. O espaço foi inaugurado, mas nunca funcionou de fato”, afirma Carlos.
O Centro de Reabilitação de Tartarugas Marinhas do Ceará foi inaugurado em 2022, mas segue inoperante. A Secretaria do Meio Ambiente e Mudança do Clima (Sema) afirmou, em nota, que os esforços para formalização do termo de cooperação técnica com outras instituições estão em andamento, e que os equipamentos já adquiridos estão sendo repassados para a Secretaria de Proteção Animal (Sepa), criada em 2023.
Período crítico de encalhes aumenta pressão
A ocorrência acontece no início do chamado período de encalhe das tartarugas marinhas, que vai de julho a dezembro, fase em que aumentam os registros de animais debilitados na faixa de areia. Para mitigar os riscos, a Apremace iniciou a instalação de 40 placas de sinalização com apoio do Detran, visando restringir o tráfego de veículos na praia.
Carlos reforça o apelo por uma solução definitiva. “A demanda não é só de Aquiraz, mas de todo o litoral cearense. Precisamos de uma estrutura local que garanta atendimento digno e urgente para esses animais em risco”, conclui.
