Fortaleza é referência em conectividade internacional por cabos submarinos
A Praia do Futuro, em Fortaleza, tornou-se o principal ponto de entrada da internet internacional no Brasil. Atualmente, 16 cabos submarinos chegam ao local, conectando o país a continentes como Europa, África, América do Norte e Caribe. Isso representa cerca de 90% de todo o tráfego internacional de dados que entra ou sai do território brasileiro, segundo o NIC.br.
O que explica essa concentração?
Fatores geográficos e estruturais fazem da capital cearense um hub estratégico. Fortaleza está entre as cidades brasileiras mais próximas simultaneamente da Europa, África e EUA. Além disso, a Praia do Futuro possui um leito oceânico estável, pouca densidade populacional e área disponível para infraestrutura tecnológica.
A região também abriga data centers de alto nível de segurança, como o da Angola Cables, que recebe o cabo vindo de Angola. Esses centros são responsáveis por armazenar e distribuir os dados recebidos pelos cabos, como os de serviços de streaming, redes sociais e armazenamento em nuvem.
Internet via cabo: espinha dorsal da conectividade global
Embora se fale muito em 5G e “nuvem”, a internet mundial depende fortemente de cabos submarinos. Quase 97% do tráfego de dados entre continentes ocorre por meio dessas conexões. Os satélites representam apenas 3% e são usados, principalmente, em áreas remotas.
Esses cabos são fios de fibra óptica instalados no fundo do oceano. Eles ligam servidores de data centers internacionais aos nacionais, permitindo o acesso rápido a conteúdos como filmes, fotos e arquivos armazenados fora do país.
Fortaleza lidera na América Latina
De acordo com a consultoria TeleGeography, Fortaleza é a primeira cidade da América Latina em quantidade de cabos submarinos e ocupa a 17ª posição no mundo — Cingapura lidera com 28 cabos.
Além disso, o Ceará vem se destacando na produção de energia renovável (solar e eólica), um atrativo a mais para empresas de tecnologia. Um novo data center, com investimento previsto de R$ 50 bilhões, está em planejamento na região do Porto do Pecém.
E se o cabo quebrar?
Apesar da tecnologia avançada, os cabos têm vida útil de cerca de 25 anos e podem sofrer falhas por fatores técnicos ou sabotagem. Nesses casos, reparos exigem robôs ou resgate do cabo à superfície. Ainda assim, cerca de 80% do tráfego de internet do Brasil é interno, o que reduz o impacto de possíveis falhas internacionais.