O Ceará consolida-se como o maior produtor de camarão do Brasil e traça metas ainda mais ambiciosas para o setor em 2025. De acordo com a Associação Brasileira de Criadores de Camarão (ABCC), a estimativa é que o estado ultrapasse a marca das 100 mil toneladas já nos próximos meses — e alcance 200 mil toneladas até o fim do ano, dobrando sua produção em relação ao período anterior.
Com mais de 35% da produção nacional, o estado mantém sua liderança no segmento de carcinicultura (criação de camarão em cativeiro) graças a investimentos em tecnologia, inovação genética e ampliação de polos produtivos, principalmente no Litoral Leste e Litoral Oeste.
Do viveiro ao mercado internacional
A cadeia produtiva do camarão cearense se expandiu com velocidade nos últimos anos, inclusive em meio a crises sanitárias e climáticas. A adoção de sistemas mais sustentáveis, como a recirculação de água e o uso de ração de alta performance, permitiu que o estado atingisse altos níveis de produtividade por hectare.
Além disso, o Ceará vem ganhando destaque no mercado internacional, com exportações para Europa, Estados Unidos e países asiáticos. O camarão cearense é cada vez mais valorizado por sua qualidade, sabor e segurança sanitária, tornando-se um dos principais produtos de origem animal da pauta de exportações do agronegócio local.
Potencial de crescimento e geração de emprego
O setor emprega diretamente mais de 50 mil pessoas no estado, segundo dados da ABCC, e ainda movimenta centenas de pequenos produtores, cooperativas e empresas de apoio logístico e distribuição. Municípios como Aracati, Fortim, Icapuí, Acaraú e Beberibe são referências na produção, concentrando boa parte da área cultivada.
A meta de 200 mil toneladas representa um salto não só em volume, mas em impacto econômico: estima-se que o setor possa movimentar mais de R$ 4 bilhões até o fim de 2025, com crescimento inclusive na indústria de beneficiamento e no segmento de exportação refrigerada.
Desafios e sustentabilidade
Apesar dos avanços, o setor ainda enfrenta desafios regulatórios e ambientais, sobretudo no que diz respeito à regularização fundiária de viveiros, controle sanitário e fiscalização ambiental. Representantes da cadeia produtiva defendem um ambiente regulatório mais claro e estável para permitir a expansão com segurança jurídica e preservação dos ecossistemas costeiros.
A ABCC e o governo do Estado articulam novas linhas de crédito e incentivos técnicos para capacitar produtores e ampliar a base de pequenos empreendimentos formais na cadeia, sobretudo com foco em comunidades litorâneas.
Ceará no topo da cadeia marinha
Se a meta for alcançada, o Ceará não apenas continuará como líder nacional, mas se tornará referência na América Latina em carcinicultura. A expectativa é que o crescimento exponencial da produção traga ganhos não só econômicos, mas também sociais, fortalecendo a cadeia do agronegócio marinho cearense como motor de desenvolvimento regional.