CCJ do Senado aprova fim da reeleição para cargos do Executivo e propõe mandato único de 5 anos

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado aprovou, nesta quarta-feira (21), a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que acaba com a reeleição para presidente da República, governadores e prefeitos. O texto também propõe que o mandato para esses cargos passe a ser de cinco anos, sem possibilidade de recondução consecutiva.

A PEC, de autoria do senador Marcelo Castro (MDB-PI), foi aprovada por ampla maioria na CCJ e agora segue para votação no plenário do Senado. Caso também seja aprovada por dois turnos, seguirá para a Câmara dos Deputados. A medida, se confirmada, poderá impedir que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva dispute um novo mandato em 2026, embora haja disputa interpretativa sobre a aplicação da regra.

Reeleição na mira: fim de um ciclo?

Criada na década de 1990 durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, a possibilidade de reeleição no Brasil sempre gerou controvérsia. Agora, 27 anos depois, o Senado inicia um movimento para encerrar esse capítulo, sob a justificativa de que a reeleição desvirtua o processo político e desequilibra o jogo democrático.

“A reeleição tem distorcido a função de governar. Muitos governam pensando no próximo mandato e não no bem comum”, afirmou o relator da proposta, senador Marcelo Castro.

Mandato mais longo, mas sem volta

Com a mudança, os mandatos de presidente da República, governadores e prefeitos passariam de quatro para cinco anos, e os ocupantes desses cargos ficariam inelegíveis para a reeleição imediata. O objetivo, segundo defensores da proposta, é reduzir o uso da máquina pública em benefício pessoal e fortalecer a alternância de poder.

Para entrar em vigor, a PEC precisa ser aprovada por três quintos dos parlamentares em dois turnos tanto no Senado quanto na Câmara. Ainda não há definição sobre a aplicação imediata ou se a medida começaria a valer apenas a partir de 2030, por exemplo.

E Lula?

Um dos pontos mais debatidos é se Lula poderia ou não disputar as eleições de 2026. Embora parte da base aliada defenda que a regra não deveria atingir mandatos em curso ou já reeleitos, a oposição vê na PEC um caminho para barrar juridicamente uma nova candidatura do atual presidente.

A análise jurídica da aplicação da PEC será um dos temas centrais nas próximas sessões do Congresso, com possibilidade de judicialização no Supremo Tribunal Federal (STF).

Repercussões divididas

A proposta já provoca fortes reações. Enquanto setores do Congresso e da sociedade civil aplaudem o fim da reeleição como uma medida de renovação política, aliados do governo alertam para uma possível “casuística disfarçada de reforma”. Parlamentares da oposição, por outro lado, já começam a articular apoio popular à medida, inclusive com campanhas em redes sociais.

Efeito cascata nas eleições municipais?

Caso avance com celeridade, a PEC pode impactar até mesmo o cenário das eleições municipais de 2028, alterando a lógica de disputa nos municípios. Prefeitos que buscam a reeleição precisariam rever seus planos — o que pode alterar alianças e estratégias já em gestação.

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