Uma nova crise parece rondar os Correios. Em apenas 12 horas, mais de 300 reclamações foram registradas por consumidores em todo o Brasil relatando atrasos nas entregas, falhas no rastreamento e encomendas sumidas no sistema. Os dados, compilados por plataformas de atendimento ao consumidor como Reclame Aqui e Ouvidorias estaduais, acenderam o alerta para uma possível instabilidade operacional na estatal.
A enxurrada de queixas se concentrou entre a noite de terça (20) e a manhã desta quarta-feira (21), e deixou claro que a confiabilidade dos serviços postais voltou a ser questionada. Reclamações variam de objetos com status de “em trânsito” há mais de 20 dias até mercadorias dadas como “entregues” sem que o destinatário tenha sequer visto o carteiro.
Apagão no rastreamento?
Além dos atrasos, muitos usuários relataram falhas no sistema de rastreio, que simplesmente parou de atualizar ou desapareceu do ar por horas. Para vendedores de e-commerce, especialmente os de pequeno porte, a falha teve impacto direto nos negócios. “Fiquei sem conseguir prestar informações aos meus clientes. Ninguém consegue esperar um pedido no escuro”, reclamou Carla Mendes, microempreendedora do setor de papelaria online.
Em nota, os Correios afirmaram que estão monitorando instabilidades no sistema interno de rastreamento, mas não divulgaram a causa exata do problema. Também não houve posicionamento claro sobre os atrasos generalizados. Nos bastidores, funcionários relatam acúmulo de encomendas em centros de triagem e redução de efetivo como fatores agravantes.
Fim de monopólio e crise interna?
O episódio acontece em um momento delicado para a estatal, que já vinha enfrentando críticas por baixa eficiência, alto custo logístico e atrasos constantes, especialmente em períodos de alta demanda. Nos últimos anos, os Correios vêm perdendo espaço para empresas privadas de entrega rápida, que operam com mais agilidade e comunicação direta com os consumidores.
Especialistas em logística apontam que os problemas recentes expõem a dificuldade da empresa em modernizar processos e manter a competitividade, mesmo após promessas de reestruturação feitas em gestões anteriores. “A cada nova falha, a confiança do público se deteriora um pouco mais”, afirma Paulo Stênio, consultor em transporte e cadeia de suprimentos.
Consumidores prejudicados pedem ressarcimento
Com o caos instaurado, plataformas como o Procon já começaram a receber denúncias de consumidores que exigem ressarcimento de valores pagos por fretes e até indenizações por perdas comerciais. O órgão orienta que os clientes registrem todas as reclamações por meio de protocolos e busquem conciliação direta com os Correios antes de recorrer à Justiça.
Enquanto isso, o consumidor brasileiro — já habituado a lidar com a lentidão estatal — assiste à novela de sempre: a do pacote que não chega, e da resposta que nunca vem.
