Na era digital, a comunicação entre as prefeituras e a população se torna cada vez mais crucial, especialmente com as eleições de 2026 se aproximando. Neste contexto, a série ‘Comunicação Digital & Eleições 2026’ do CE24h abordará a importância de uma comunicação eficaz e acessível. Para iniciar essa discussão, conversamos com Daniel Carvalho, um renomado consultor de marketing político. Ele compartilha suas percepções sobre os desafios que as prefeituras enfrentam e sugere caminhos para transformar a comunicação pública em uma ferramenta de aproximação e engajamento com os cidadãos.
Vamos a entrevista:
Por que ainda hoje tantas prefeituras enfrentam dificuldade para se comunicar de forma eficaz com a população?
Porque muitas encaram a comunicação como uma obrigação burocrática e não como uma ferramenta estratégica. Comunicação pública precisa ser ativa, acessível e pensada com foco no cidadão, não apenas no gabinete.
Quais são os erros mais frequentes que você observa nas prefeituras brasileiras?
Linguagem excessivamente técnica, falta de presença digital, ausência de escuta ativa e foco excessivo em propaganda institucional. Muitas comunicam o que fazem, mas não explicam por que fazem — e isso afasta o cidadão.
A comunicação pública deve ser diferente da comunicação de uma campanha eleitoral?
Sim, mas com pontos em comum. Na gestão, o foco deve ser informar com clareza, gerar transparência e engajar a população. Já na campanha, há um objetivo de convencimento. Mas ambas precisam de estratégia, narrativa e escuta.
Qual é o papel das redes sociais na comunicação institucional de uma prefeitura?
É enorme. As redes sociais são, hoje, o principal canal direto entre poder público e população. Mas é preciso entender que não basta postar: é necessário criar diálogo, responder dúvidas e adaptar a linguagem à realidade local.
Como transformar a comunicação de uma prefeitura em uma ferramenta de aproximação com a comunidade?
O primeiro passo é ouvir mais. Enquetes, caixas de perguntas, atendimento digital e pautas feitas com base nas demandas populares ajudam a transformar o canal em via de mão dupla — não só de emissão, mas de recepção.
Existe diferença entre comunicar em cidades pequenas e grandes?
Sim. Em cidades pequenas, o contato é mais direto e pessoal, e isso pode ser usado a favor. Já nas grandes, o desafio é segmentar bem a mensagem para diferentes públicos. Mas em ambos os casos, a clareza e a empatia são essenciais.
Como mensurar se a comunicação da prefeitura está funcionando?
Além dos números (alcance, engajamento, tráfego), é preciso ouvir o cidadão. Comentários, feedback em eventos e canais de ouvidoria são formas de entender se a mensagem está chegando — e sendo compreendida.
Falta investimento ou falta visão estratégica das gestões públicas?
Os dois. Muitas vezes há verba disponível, mas ela é mal utilizada. Comunicação não é só arte gráfica e post no Instagram. É preciso planejamento, equipe técnica e diretrizes claras.
Para quem está nos lendo e trabalha em prefeitura, qual seria o primeiro passo para melhorar a comunicação já?
Revisar a linguagem. Se o que você publica só é entendido por quem trabalha na prefeitura, já está errado. Comece ouvindo a população, simplifique a mensagem e crie uma rotina de diálogo, não só de anúncios.
A conversa com Daniel Carvalho revela que, para as prefeituras, a comunicação deve ser vista como um serviço essencial ao cidadão, e não apenas uma formalidade burocrática. Ao adotar uma abordagem mais estratégica e centrada no diálogo, as gestões públicas podem não apenas informar, mas também engajar e ouvir a população. A mudança começa com a revisão da linguagem e a criação de canais efetivos de comunicação. Com isso, espera-se que mais prefeituras compreendam a importância de comunicar-se de maneira clara e acessível, promovendo uma gestão mais transparente e conectada às necessidades da comunidade.