Rico Melquiades depõe na CPI das Bets e diz que desconhecia fraudes em apostas

O influenciador digital Rico Melquiades, ex-participante de reality shows e com milhões de seguidores nas redes sociais, foi ouvido nesta semana pela CPI das Apostas Esportivas (CPI das Bets). Assim como já havia ocorrido no depoimento de Virgínia Fonseca, o tom da sessão oscilou entre a pressão política e a encenação midiática, com o depoente negando qualquer envolvimento em esquemas de manipulação de resultados ou ações ilícitas relacionadas a casas de apostas online.

Durante seu depoimento, Rico declarou que atuou exclusivamente como divulgador contratado por plataformas de apostas, sempre de forma legal, sem conhecimento sobre eventuais fraudes ou práticas criminosas. “Não participei de nada ilegal. Só cumpri contrato de publicidade, como faço com outras marcas”, afirmou o influenciador. Ele também declarou que nunca recebeu qualquer alerta jurídico ou notificação oficial sobre as empresas que divulgava.

Clima de espetáculo e blindagem se repetem na CPI

Assim como no depoimento de Virgínia, o de Rico Melquiades também seguiu uma estratégia de defesa pautada na informalidade, espontaneidade e apelo emocional. O influenciador, conhecido por seu jeito irreverente, buscou demonstrar sinceridade e desinformação sobre as implicações do mercado de apostas digitais. Em diversos momentos, utilizou o bom humor como recurso para suavizar as perguntas mais duras dos senadores.

A CPI, que inicialmente tinha como foco investigar manipulações de resultados em jogos esportivos, parece caminhar para um roteiro em que os influenciadores funcionam como protagonistas de um espetáculo político-midiático, mais voltado à repercussão popular do que à responsabilização técnica de operadores do sistema de apostas.

Parlamentares divididos entre a investigação e o entretenimento

Alguns senadores elogiaram o depoimento de Rico e destacaram sua colaboração com a comissão. Outros, porém, criticaram o excesso de informalidade e a convocação de celebridades como tentativa de “viralizar” a CPI em redes sociais, desviando o foco do real objeto da investigação. “Estamos investigando estruturas financeiras bilionárias, não influenciadores que só postaram stories”, afirmou um parlamentar.

Ainda assim, a CPI segue coletando informações sobre os vínculos contratuais entre influenciadores e empresas de apostas, com o objetivo de identificar se houve omissão de responsabilidade, prática de publicidade irregular ou promoção de plataformas não autorizadas.

Influência digital no centro das atenções políticas

A convocação de nomes como Rico Melquiades e Virgínia Fonseca reforça o protagonismo que os influenciadores digitais assumiram no ecossistema político e econômico brasileiro. Em um cenário onde o engajamento em redes sociais se traduz em poder de mercado e visibilidade institucional, as CPIs passam a usar esse fenômeno como instrumento político, ainda que com pouca efetividade investigativa até o momento.

Enquanto isso, o setor de apostas online segue em expansão, pressionando o Congresso a regulamentar com urgência a atuação dessas empresas e os limites éticos da publicidade digital.

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