Alckmin representará o Brasil na missa inaugural de Leão XIV: um gesto de fé e diplomacia

O presidente em exercício Geraldo Alckmin confirmou neste domingo (11) que representará o Brasil na missa de início do pontificado do papa Leão XIV, marcada para o próximo dia 18, no Vaticano. A escolha foi anunciada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante entrevista coletiva em Moscou, onde cumpre agenda internacional antes de seguir viagem para a China.

“Será uma honra. O Brasil é o maior país católico do mundo”, declarou Alckmin, com o entusiasmo contido que lhe é característico, durante visita à 5ª Feira Nacional da Reforma Agrária, promovida pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), em São Paulo.

A presença de Alckmin em Roma carrega mais do que simbolismo religioso: trata-se de um gesto diplomático carregado de significado para a relação entre o Vaticano e a América Latina — especialmente o Brasil, país com a maior população católica do planeta.

Católico praticante, Alckmin parece ter recebido a missão com a solenidade que ela requer, mas também com certo entusiasmo pessoal. Destacou a origem norte-americana do novo pontífice e sua longa atuação pastoral no Peru, o que, segundo o vice-presidente, aproxima ainda mais Leão XIV da realidade latino-americana. “Nós estamos muito felizes, todos os latino-americanos. O papa dará continuidade ao trabalho de Francisco”, afirmou.

A escolha do nome Leão XIV não passou despercebida por Alckmin, que apontou o eco histórico com Leão XIII, autor da encíclica Rerum Novarum, de 1891 — um marco na doutrina social da Igreja Católica. Para o vice-presidente, essa escolha já dá pistas do perfil do novo líder da Igreja. “Tenho certeza de que o papa Leão XIV será um papa contemporâneo, do nosso tempo. Já a primeira mensagem dele foi a paz”, afirmou.

Segundo Alckmin, o novo papa tem o perfil ideal para enfrentar os desafios globais atuais, como o diálogo inter-religioso, a desigualdade social e a crise ambiental. “É o papa da esperança e contemporâneo da questão climática, da justiça social”, resumiu.

A cerimônia de início do pontificado de Leão XIV promete reunir chefes de Estado e lideranças religiosas de todo o mundo, em um momento de transição importante para a Igreja Católica. A expectativa é de que o novo papa, embora tenha uma origem distinta — norte-americana, algo inédito —, mantenha o espírito reformador de Francisco, ao mesmo tempo em que imprime sua própria visão pastoral.

A ida de Alckmin ao Vaticano reafirma a disposição do Brasil em manter um diálogo estreito com o Vaticano, não apenas no campo religioso, mas também no político e diplomático, sobretudo diante de temas como migração, direitos humanos e meio ambiente, que hoje atravessam tanto a pauta católica quanto a geopolítica internacional.

Se o papa é da esperança, Alckmin parece disposto a levar consigo, além da faixa presidencial interina, uma diplomacia de respeito, fé e equilíbrio. Afinal, nem só de pragmatismo vive a política — também há espaço para gestos que tocam o sagrado.

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