A Câmara dos Deputados aprovou nesta semana uma proposta que altera a composição da Casa, aumentando o número total de parlamentares federais. A medida, que ainda precisa ser analisada pelo Senado, prevê a redistribuição das vagas com base na última estimativa populacional do IBGE. Se sancionada, o estado do Ceará deverá ganhar um novo assento em Brasília, passando dos atuais 22 para 23 representantes.
A justificativa da proposta está amparada no princípio da proporcionalidade populacional. Com as mudanças demográficas ocorridas ao longo da última década, estados como Ceará, Santa Catarina e Pará devem ampliar sua presença na Câmara, enquanto outros — como Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul — poderão perder cadeiras.
Segundo defensores da medida, o objetivo é corrigir distorções históricas e garantir que o princípio do “um cidadão, um voto” seja mais fielmente refletido no Parlamento. O deputado cearense Domingos Neto (PSD), por exemplo, afirmou que o aumento da representação é justo e necessário. “O crescimento do nosso estado exige voz proporcional no Congresso Nacional”, declarou.
No entanto, o projeto não passou sem críticas. Parlamentares da oposição e especialistas em contas públicas alertaram para o impacto financeiro da medida. A cada novo deputado federal somam-se gastos com salário, equipe de gabinete, verbas de funcionamento e auxílio-moradia — num país onde o debate sobre enxugar a máquina pública permanece sensível.
Outro ponto questionado foi o momento da aprovação. Para alguns analistas políticos, a medida favorece parlamentares que desejam ampliar sua influência nas bases eleitorais antes das eleições municipais de 2024 e das gerais de 2026. “A alteração no número de cadeiras pode impactar diretamente os cálculos eleitorais futuros e provocar rediscussões nas federações partidárias”, comentou a cientista política Ana Cláudia de Castro.
No caso específico do Ceará, o crescimento demográfico aliado à interiorização do voto pode reforçar a presença de municípios de médio porte no Congresso. Prefeitos e lideranças regionais já se movimentam para ocupar esse novo espaço com candidaturas viáveis e articuladas.
Se aprovada no Senado e sancionada pela Presidência, a mudança começará a valer nas eleições de 2026, alterando não apenas o número de parlamentares, mas a correlação de forças dentro da própria Câmara. E como tudo que envolve poder, cada voto a mais conta.