A eleição de 2026 ainda parece distante no calendário, mas nos bastidores da política cearense, o clima já é de articulação intensa. E a movimentação da vez tem dois nomes no centro: o governador Elmano de Freitas (PT) e o deputado federal Júnior Mano (PSB). A dupla começa a despontar como uma possível chapa majoritária, e já conta com apoio declarado de um número considerável de prefeitos pelo interior do estado — algo que, em política, vale quase tanto quanto voto contado.
Segundo o próprio Júnior Mano, 68 prefeitos já teriam sinalizado apoio ao seu nome para uma eventual disputa ao Senado Federal, compondo assim uma aliança com Elmano, que buscará a reeleição. O deputado foi cuidadoso ao afirmar que está “à disposição”, mas deixou claro que, se os “líderes maiores aceitarem”, ele entra no jogo — o que, no linguajar político, costuma significar que o jogo já começou, só falta oficializar o placar.
Nos últimos dias, redes sociais de prefeitos e vereadores de várias regiões do Ceará foram tomadas por postagens com montagens da possível chapa, acompanhadas de mensagens de entusiasmo e hashtags patrióticas. Um movimento que, para muitos analistas, não surgiu por acaso, mas sim como ensaio público de uma aliança costurada longe dos holofotes — embora nem tão discretamente assim.
O senador Cid Gomes (PSB), veterano das urnas e figura central na engenharia eleitoral do estado, também entrou em cena. Durante o XVI Congresso Estadual do PSB, realizado em Fortaleza, Cid declarou apoio a Júnior Mano como seu possível sucessor no Senado. O gesto não foi apenas simbólico: foi estratégico. Cid chegou a apresentar os “cálculos políticos” que, segundo ele, justificam a escolha — porque, em política, até o apoio precisa de conta feita.
A ideia, ao que tudo indica, é consolidar uma aliança entre PT e PSB, mantendo a hegemonia governista no Ceará e garantindo palanque robusto para Lula em 2026. Mas como toda construção partidária, há ruídos no processo. Outros nomes como José Guimarães (PT), Eunício Oliveira (MDB) e Chiquinho Feitosa (Republicanos) também figuram como possíveis candidatos ao Senado. Ou seja: a disputa está longe de ser um passeio no parque.
Com mais de um ano pela frente, as articulações devem se intensificar. Por ora, Elmano e Júnior Mano colhem sorrisos e declarações públicas de apoio — o suficiente para aquecer os bastidores e deixar a oposição com o radar ligado.
Porque se tem algo que o Ceará sabe fazer bem é política de bastidor. E, pelo visto, a chapa já está no forno.