Depois de um longo capítulo de desvios, buzinas, e paciência esticada ao limite, a Avenida Heráclito Graça voltou a respirar livremente. A Prefeitura de Fortaleza liberou nesta quarta-feira (30) o tráfego no trecho que liga os bairros Centro e Aldeota, encerrando um período de 18 meses de obras que transformaram a via em sinônimo de caos para motoristas e comerciantes da região.
Iniciada em novembro de 2023, a obra fazia parte do pacote de requalificação viária e drenagem urbana da cidade. Entre as melhorias, destaque para a implantação de um reservatório subterrâneo destinado a conter alagamentos — aqueles mesmos que surgem com a pontualidade de um relógio suíço a cada chuva. Além disso, foram instaladas novas bocas de lobo, calçadas acessíveis e pavimentação em piso intertravado, que promete ser mais resistente ao vai-e-vem cotidiano.
De acordo com a gestão do prefeito Evandro Leitão, a entrega ocorreu dentro do prazo prometido pela atual administração — embora o cronograma inicial, vale lembrar, tenha sofrido com os “legados construtivos” da gestão anterior. O importante é que agora a avenida está liberada, e o trânsito volta a fluir com menos rota alternativa e mais buzina de alívio.
Comerciantes locais, que passaram mais de um ano convivendo com tapumes, máquinas pesadas e um número recorde de promessas, agora ensaiam um sorriso de satisfação. “Foi um período de sofrimento. As vendas caíram muito, mas agora a expectativa é de retomada”, comentou um lojista da região que já não acredita em placas de “em obras”.
Outro ponto do projeto foi a limpeza do Riacho Pajeú, que agora receberá parte das águas drenadas da nova estrutura. A prefeitura também afirma ter desobstruído mais de 30 redes de drenagem e 3 mil bocas de lobo em outras áreas da cidade — um número que, por si só, dá a dimensão do entupimento crônico da capital.
Enquanto a Heráclito Graça retoma sua função de via arterial, as obras na vizinha Praça Bárbara de Alencar seguem em andamento. Estão previstas melhorias como novos bancos, lixeiras e até uma meia-quadra de basquete — porque, em Fortaleza, espaço público que se preze precisa entreter, drenar e, preferencialmente, não alagar.
Com os 300 anos de Fortaleza se aproximando, o discurso oficial é de revitalização e entrega de equipamentos urbanos. A população, por sua vez, segue torcendo para que as obras entregues resistam ao tempo, às chuvas — e às próximas eleições.
