A novela administrativa de Carlos Lupi parece estar chegando ao seu último capítulo. Segundo fontes do Planalto e bastidores fervilhantes de Brasília, o ministro da Previdência Social deve entregar o cargo nesta sexta-feira (2), encerrando uma gestão marcada por filas intermináveis no INSS, promessas que nunca se aposentaram e uma reprovação popular digna de placa de “procura-se”.
A possível saída ocorre dias após a divulgação de uma pesquisa da AtlasIntel que escancarou o tamanho do desgaste: oito em cada dez brasileiros acham que Lupi deveria ser demitido. Quando até o DataLupi começa a dar números alarmantes, é sinal de que a pressão ultrapassou o limite da retórica.
Nos corredores do poder, o clima já é de transição. A decisão, embora ainda não confirmada oficialmente por Lupi, seria uma tentativa do governo Lula de conter o sangramento político causado por uma gestão marcada por ineficiência, instabilidade nos sistemas e uma lentidão digna de fila para perícia médica.
Carlos Lupi, que também é presidente licenciado do PDT, vinha enfrentando resistência até mesmo dentro da base governista. A paciência dos parlamentares evaporou junto com a credibilidade do ministério, e muitos aliados já vinham defendendo uma substituição “urgente, mas com carinho”. Traduzindo: saia, mas sem fazer escândalo.
A expectativa é de que o próprio Lupi anuncie sua saída em tom institucional, talvez enaltecendo feitos invisíveis ou invocando o espírito de Leonel Brizola em algum momento de emoção controlada. Fontes próximas ao ministro dizem que ele está “sereno” e “consciente do desgaste”, o que, em Brasília, é o mesmo que já estar com a mala pronta e o discurso ensaiado.
Apesar das críticas, Lupi deixa um legado… complicado. Durante sua gestão, o INSS enfrentou um apagão digital, que deixou milhões sem acesso a informações básicas; atrasos no pagamento de benefícios; e uma escalada de processos represados que tornaram a Previdência um sinônimo de labirinto burocrático. Sua saída é, portanto, vista não apenas como alívio político, mas como tentativa de reanimar a confiança em uma das áreas mais sensíveis da máquina pública.
No Planalto, os nomes para a sucessão já começam a circular com a velocidade que os processos do INSS não têm. A busca é por um perfil técnico, com trânsito político e, de preferência, que saiba operar sistemas informatizados — o que, aparentemente, já será uma evolução.
Com a saída de cena, Carlos Lupi poderá, enfim, descansar. Talvez mais do que muitos aposentados que esperam seus benefícios há meses.