Morre o Papa Francisco aos 88 anos: um pontificado marcado pela simplicidade, reformas e defesa dos marginalizados

O mundo católico amanheceu em luto nesta segunda-feira, 21, com a notícia do falecimento do Papa Francisco. O anúncio foi feito na Capela da Casa Santa Marta, no Vaticano, por Sua Eminência, o Cardeal Farrell, que comunicou: “Às 7h35 desta manhã, o Bispo de Roma, Francisco, retornou à casa do Pai.”

Francisco, nascido Jorge Mario Bergoglio, tinha 88 anos e liderou a Igreja Católica por 12 anos, sendo o 266º Papa da história e o primeiro latino-americano a ocupar o trono de São Pedro. Desde 23 de março, o Pontífice estava em recuperação em sua residência na Casa Santa Marta, após 38 dias de internação para tratar uma bronquite e infecção polimicrobiana.

Em sua mensagem, o Cardeal Farrell elogiou a trajetória de vida de Francisco como um “verdadeiro discípulo do Senhor Jesus”, destacando seu compromisso com os valores do Evangelho, especialmente em relação aos mais pobres e marginalizados, marca registrada de seu pontificado.

Um Papa que veio “do fim do mundo”

Francisco foi eleito em 13 de março de 2013, surpreendendo o mundo ao se tornar o primeiro Papa jesuíta e o primeiro latino-americano. Sua escolha do nome “Francisco” foi uma homenagem a São Francisco de Assis, símbolo de humildade e cuidado pelos mais necessitados.

Nascido em 17 de dezembro de 1936, em Buenos Aires, Argentina, era filho de imigrantes italianos. Bergoglio foi ordenado sacerdote em 1969, bispo em 1992 e criado cardeal em 2001 por São João Paulo II. Antes de ser eleito Papa, foi Arcebispo de Buenos Aires, destacando-se por sua proximidade com o povo e sua defesa incansável dos pobres.

A frase “veio do fim do mundo”, dita por ele ao ser apresentado ao mundo como Pontífice, tornou-se emblemática de sua postura pastoral e humilde.

Legado de um pontificado transformador

Em seus 12 anos à frente da Igreja Católica, Francisco ficou conhecido por sua abordagem reformista e por priorizar temas sociais e ambientais. Em 2015, lançou a encíclica Laudato si’, que trouxe a questão ambiental para o centro da doutrina católica. O documento foi atualizado em 2023 com a exortação Laudate Deum, abordando diretamente a crise climática.

Outro marco de seu pontificado foi a reforma da Cúria Romana, concluída em 2022 com a publicação da constituição apostólica Praedicate Evangelium. A reforma buscou descentralizar o poder no Vaticano, promovendo maior transparência e eficiência.

Francisco também foi um defensor incansável da cultura do encontro, incentivando o diálogo inter-religioso e promovendo a inclusão. Sua exortação apostólica Querida Amazônia, de 2020, destacou a necessidade de evangelização e proteção ao meio ambiente na região amazônica.

Seus gestos simples e simbólicos, como o uso de um anel de prata em vez de ouro e a escolha de viver na Casa Santa Marta em vez dos luxuosos aposentos papais, reforçaram sua imagem de humildade e proximidade com os fiéis.

Produção doutrinária e catequese

O legado doutrinário de Francisco inclui quatro encíclicas, sete exortações apostólicas e 75 cartas em forma de Motu proprio. Suas catequeses, realizadas nas audiências gerais de quarta-feira, abordaram temas como misericórdia, família, oração e discernimento, sempre buscando aproximar os ensinamentos da Igreja do cotidiano das pessoas.

Durante a pandemia de Covid-19, suas reflexões sobre “Curar o mundo” ganharam destaque, unindo fé e ciência em prol da saúde global.

O impacto de Francisco na Igreja e no mundo

Mais do que um líder espiritual, Francisco foi um estadista global. Ele buscou aproximar a Igreja dos desafios contemporâneos, promovendo o cuidado com os pobres, o meio ambiente e a paz. Sua abordagem pastoral, muitas vezes criticada por setores mais conservadores, conquistou corações ao redor do mundo, especialmente entre os marginalizados.

O Papa que “veio do fim do mundo” deixa um legado de compaixão, coragem e transformação, que continuará a inspirar gerações futuras. Sua morte marca o fim de uma era histórica para a Igreja Católica, mas seu exemplo como líder continuará vivo na memória coletiva

 

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