Falta de transporte público e de estrutura para ciclistas dificulta acesso de estudantes à escola
O acesso às escolas ainda representa um desafio significativo para milhares de estudantes no Ceará. Dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira (5) revelam que 90% das escolas localizadas em favelas e comunidades urbanas do estado não contam com pontos de ônibus em seu entorno, o que dificulta o deslocamento diário de alunos, professores e funcionários.
As informações fazem parte do estudo “Entorno das Favelas e Comunidades Urbanas”, elaborado a partir dos dados do Censo Demográfico de 2022, que analisa as condições de infraestrutura e mobilidade no entorno de territórios populares em todo o País.
Apenas 18 escolas contam com ponto de ônibus próximo
Segundo o levantamento, das 355 escolas localizadas em áreas de favela no Ceará, apenas 18 possuem ponto de ônibus próximo, número que representa pouco mais de 5% do total. Com isso, o Ceará figura entre os dez estados brasileiros com maior percentual de escolas em favelas distantes do transporte coletivo.
O ranking nacional é liderado por estados da Região Norte. Roraima e Tocantins apresentam 100% das escolas em favelas sem pontos de ônibus no entorno, seguidos pelo Amapá, com 97,87%. No Nordeste, o Ceará aparece entre os estados com piores indicadores, ao lado da Paraíba (91,45%) e de Alagoas (91,25%).
Falta de estrutura também afeta ciclistas
Diante da ausência do transporte público próximo às escolas, a bicicleta surge como alternativa de deslocamento para muitos estudantes. No entanto, a infraestrutura urbana também é considerada inadequada para ciclistas.
De acordo com o IBGE, 94% das escolas situadas em favelas no Ceará estão localizadas em vias sem qualquer tipo de sinalização para bicicletas, como ciclovias, ciclofaixas, ciclorrotas ou avisos na pista de rolamento. O estudo identificou 336 logradouros em áreas de favela onde o acesso às escolas ocorre em meio ao tráfego urbano, colocando em risco a segurança dos ciclistas.
Problema se estende além das favelas
Apesar do foco do estudo nas comunidades urbanas, o problema não se restringe a essas áreas. O levantamento aponta que 92% das escolas localizadas fora das favelas no Ceará também estão em ruas sem sinalização adequada para bicicletas, evidenciando uma deficiência estrutural mais ampla na mobilidade urbana voltada ao ambiente escolar.
Impacto no acesso à educação
Especialistas apontam que a ausência de transporte público e de infraestrutura segura no entorno das escolas pode impactar a frequência escolar, aumentar a evasão e aprofundar desigualdades educacionais, especialmente entre estudantes moradores de áreas vulneráveis.
Os dados reforçam a necessidade de políticas públicas integradas que priorizem mobilidade urbana, segurança viária e acesso equitativo à educação, sobretudo em territórios historicamente negligenciados.
